Dizem, levianamente, e com forte influência de propaganda massiva feita em mídia escrita e televisiva (salvo raras e honrosas exceções), que o casamento está falido, e que agora, com a facilitação de seu término com a emenda feita à Constituição do nosso País (que excluiu o prazo de 2 anos de separação de fato para se requerer o divórcio), agora sim a coisa iria degringolar, com a expansão dos pedidos de divórcio território afora. Nada mais imbecil e mentiroso, nada menos profético e responsável. São os velhos ataques de sempre à instituição mais antiga e que proteje a humanidade de sua derrocada: a família. Números recentes de pesquisas realizadas mostram que o número de casamentos nunca foi tão elevado, superando em muito à quantidade de pedidos de separação e divórcio efetuados perante o Judiciário. Mesmo aqueles que dizem não ter qualquer religião findam casando-se no civil, constituindo família, e vivendo, mesmo dentro de sua ignorância, sob as Leis Divinas. Vivemos a era do imediatismo, do consumismo exarcerbado, sem reflexão, do texto fácil na internet, da desnecessidade de paciência. Está querendo um livro? Fácil, baixa na internet, em menos de 5 minutos. Leu um pequeno trecho, não gostou? Fácil, "deleta" o arquivo, joga na "lixeira" do computador e tchau. Sabe aquela música do momento? Não precisa pagar mais para tê-la, nem esperar que chegue nas lojas. Vapt-vupt! Tá na sua mão, direto da grande rede para o seu "desktop". O mesmo ocorre com nossas relações interpessoais. No orkut, facebook, msn, ou seja lá o que for as amizades são feitas, desfeitas, feitas de novo em questão de minutos, bastando, para que fulano não seja mais seu "amigo", descartá-lo como quem apaga um arquivo indesejado de seu micro. Suas amizades são falsas, até você pode ser também um falso ser (basta criar um "fake", um falso perfil nessas comunidades existentes). Pois querem que com o casamento seja a mesma coisa. Querem transformar a instituição milenar em mais um produto desses descartáveis, e assim vamos nos degradando em nossas relações. Hoje, para se casar, está mais difícil do que para se separar. Para o casamento civil você precisará dar entrada na papelada perante o Cartório, esperar o procedimento dos proclamas, agendar data, assinar papéis, realizar o registro, etc. Se for civil mais religioso, terá ainda que fazer todos os preparativos de sua Igreja (na Católica há até o "curso para os noivos", muito interessante por sinal, se levado a sério). E para se separar basta que se constitua um advogado e tenha o desejo de se separar. Dá para sair o divórcio no mesmo dia em que se deu entrada na Justiça, basta falar com o juiz. Ou seja, para casar, digamos, você irá demorar, na melhor das hipóteses, um mês. Para se separar, na melhor das hipóteses, apenas um dia. O estímulo é todo, atualmente, voltado para a separação! Não digo que teríamos que facilitar o outro lado também. Às vezes acho que um pouco de dificuldade em tudo faz com que tenhamos tempo para refletir e valorizar a idéia. Em muitos, inúmeros casos de separação e divórcio que julguei, vi a marca da impaciência tomar conta dos sentimentos dos casais. Da impaciência passa-se para as discussões por pequenas coisas que, daí, pulam para os insultos pessoais, agressões verbais e, infelizmente, para um quadro de tanta falta de respeito que se alcança o terrível quadro das agressões. Mútuas, diga-se de passagem. Não é só mulher que apanha de homem não! Vi muitos casos de homens que apanharam, e muito, de suas mulheres. Num desses casos o coitado apanhou de panela até ser posto para fora de casa. Na audiência estava com a cabeça enfaixada. E o que é pior, ficou provado que ele estava sendo traído pela mulher valente dentro de sua própria casa, em sua cama nupcial. Por isso tudo é que digo que temos, tanto o homem como a mulher, que encarar o casamento como algo com a idéia de eterno, e não etéreo (rarefeito). Vejam bem: não digo que o casamento deva ser eterno, mas sim que a idéia que tenhamos dele, para utilizar um pouco de Platão. Precisamos deixar um pouco de lado a mentalidade "fast-food" quando o assunto é o casamento, se quisermos manter nossa família unida, e a união de um homem com uma mulher já é suficiente para a formação de uma unidade familiar, ainda que não tenham vindo os filhos. Se houver filhos, então, aí é que a calma e a perseverança tem que ser mais elevada, pois há outros seres envolvidos num problemas que sequer foi criado por eles. O fim de um casamento deve ser algo muito bem pensado, refletido, e com graves fundamentos para se querer pôr em termo. Apenas após esse tipo de reflexão é que a resposta deve ser dada, sob pena de estarmos apenas banalizando o casamento. Um bom domingo a todos.